sábado, 31 de dezembro de 2011
Sacerdote Ye - Kei
Yaemugura
Shigereru yado no
Sabishiki ni
Hito koso miene
Aki wa ki ni keri.
Reina solitário, meu pequeno templo
nem pé de cabana ao longe se vê
Admiradores não há, que a este canto venham orar.
Quando as videiras envolvem seu teto, temo calado
pois é bem sabido que o outono aqui a chegado.
Poema/ Tanka.
Autor: Ye-Kei Hôshi
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
O principe Ken Toku
Aware to mo
Iu beki hito wa
Omohoede
Mi no itazura ni
Narinu beki kana.
Não guardava esperança alguma
de outra vez, em meu céu ter, o sorriso da bela donzela
Pois a tristeza, de sua essência não é parte
e desta vida cuidados não guardo
Pois são os sonhos, de minha lagrima, retalho
Poema/ Tanka
Autor: Koretada Fujiwara( ...- 972)
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Obs: Ken-Toku To: Nome postumo de Koretada Fujiwara
Iu beki hito wa
Omohoede
Mi no itazura ni
Narinu beki kana.
Não guardava esperança alguma
de outra vez, em meu céu ter, o sorriso da bela donzela
Pois a tristeza, de sua essência não é parte
e desta vida cuidados não guardo
Pois são os sonhos, de minha lagrima, retalho
Poema/ Tanka
Autor: Koretada Fujiwara( ...- 972)
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Obs: Ken-Toku To: Nome postumo de Koretada Fujiwara
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Conselheiro Imperial Yatsu Tada
Ai-mite no
Nochi no kokoro ni
Kurabureba
Mukashi wa mono wo
Omowazari keri.
Quão desolada a vida antanho
lúgubres dias de tempos em vão.
Teu coração tocado-a minha alma
e o passado esquecer desejo
aqueles dias antes de teu beijo
Poema/ Tanka
Autor: Yatsu Tada (...- 943)
domingo, 18 de dezembro de 2011
Tomonori Kino
Hisakata no
Hikari nodokeki
Haru no hi ni
Shizu kokoro, naku
Hana no chiruramu.
Volta a primavera uma vez mais,
no horizonte um sol a reluzir
tanta ternura no céu a sorrir
que o pranto não posso conter
prevendo o dia da rosa sofrer
quando por fim ira cair e morrer.
Poema/Tanka
Autor: Kino Tomonori
sábado, 17 de dezembro de 2011
Tsuraki
Yama gawa ni
Kaze no kaketaru
Shigarami wa
Nagare mo aenu
Momiji nari keri.
A fúria dos ventos de ontem
sacudiram a firmeza dos carvalhos
voaram-se as folhas carmesim
que se juntaram silentes num canto
emudeceram as águas do riacho
calando, da montanha, o pranto
Poema/ Tanka
Autor: Harumichi no Tsuraki (...- 864)
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Korenori Saka-No-Uye
Asaborake
Ariake no tsuki to
Miru made ni
Yoshino no sato ni
Fureru shira yuki.
Pensei que a Lua da aurora
banhado havia, de luz, as colinas
mas não! O que vi foi a neve da noite
caindo do céu como o pranto
pintando meu Yoshino* de branco
Poema/ Tanka
Autor: Saka - no- uye
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* Yoshino: Um vilarejo de uma Montanha na Província de Yamato, Famoso por suas cerejerias.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Tadamine Nibu
Ariake no
Tsurenaku mieshi
Wakare yori
Akatsuki bakari
Uki-mono wa nashi.
Condeno a hostil e frígida lua
brilhando no despertar da noite,
Tamanha tristeza cinzenta não há
ferindo esta solidão sem par
até o sorriso da aurora chegar.
Poema /Tanka
Autor: Nibu no Tadamine ( 866 - 965 )
sábado, 10 de dezembro de 2011
O ministro Minamoto
Yama zato wa
Fuyu zo sabishisa
Masari keru
Hito-me mo kusa mo
Karenu to omoeba.
A aldeia solitária da montanha
em tempos de inverno, eu temo.
Pois seu silencio é o adeus dos amigos.
Em sua tristeza folhas abandonam seu galhos
Homens e plantas não são mais que passado.
Poema/ Tanka.
Autor: Minamoto No Mune-Yuki (....- 940 D.C)
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Ai no'kurimono
(....)
E o sol muda através das tempo,
a nuvem o turva, a sombra o enfraquece, o vento lhe entorpece
A lua também oscila em sua profundidade, seguindo as atribulações da vida mundana.
Igualmente, a opulência de cores desta primavera, não se compara a do ano que passou, nem tão poucos será semelhante a daquele que por vir esta.
assim mesmo, o inverno, o verão, o mar, o ar, os cumprimentos,
as lagrimas, os sorrisos, os amigos, o irmão, a mãe, a vida....o amor.
O amor, um remanescente do ontem impregnado no futuro do presente, da mesma forma se modificou.
Poderá brilhar com a intensidade de dois sois,
há de ser mais profundo que uma lua imortal
e florescer como páramo no deserto.
mas não ha de ter mais a pureza daquela manhã
quando o conheci por primeira vez
Autor: Vonn Frey, " Dialogos Profanos"
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Chisatô Oye
Tsuki mireba
Chiji ni mono koso
Kanashi kere
Waga mi hitotsu no
Aki ni wa aranedo.
Esta noite a tristeza da lua outonal
cativa os dores de minha mente
mas as penas, de poetas, luxos não são
O outono e seu manto lúgubre
abriga o sentir de cada ser.
Poema/ tanka
Autor: Oye no Chisatô
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Chisatô Oye, poeta, filosofo e tutor do imperador Sei-Wa ( 859-876 D.C.)
domingo, 4 de dezembro de 2011
O herdeiro Moto Yoshi
Wabi nureba
Ima hata onaji
Naniwa naru
Mi wo tsukushite mo
Awamu to zo omou.
Nos encontramos num ínfimo instante
e me tornei escravo da própria miséria.
As marés medir-me -ão a vida
até o momento que volte a encontrar
aquela, qual nunca deixarei de amar.
Poema/ Tanka
Autor: Moto Yoshi Shinnô ( ...- 943)
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Moto Yoshi foi filho do imperador Yôzei que reinou entre 877 - 884.
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
" Idolism II : O circulo cinza"
...e por entre rostos perplexos, ela caminhou ao lado dele. Seus olhos não tinham a redondez das romãs e sim as formas de nobres grãos, as pupilas pareciam englobar toda a profundidade da noite a qual se estendia pela moldura sedosa do rosto, posseia as linhas pudicas de um infante ao mesmo tempo que, sobre o manto de pele rosada, expressava os gestos lívidos de uma elegante mulher . Aquela criatura carregava consigo uma beleza indefinível para aqueles homens das longínquas planicies, porem a admiração destes foi tal que a palavra virgem se revelou na mente de todos, todavia o silencio se manteve inquebrantável, enquanto ela passava por entre cavaleiros, soldados e seguidores do Bom Samaritano. "Vamos!", disse enfim este, "regressemos as terras de meu pai, não temeis discípulos meus, a verdade há de libertar-nos, pois ela ao nosso lado caminha agora! Levemos ao nosso povo a luz que semeara a paz em suas almas"
Assim, então, os portões rugiram abrindo-se de par em par, animais e homens tomaram o caminho do oeste.
A Gyoja enfim abandonava o templo dourado rumo as terras do grande rei David. Para ali reescrever, uma vez mais, seu destino e o de todos os homens.
Vonn frey: " idolism II: O circulo cinza"
domingo, 27 de novembro de 2011
Husbandman' stars
It's coming...
A Hell's flame in a heaven's light
a sun's day in a dark night
Hurts like love, caress like ether
its a dream that ain't wanna dream
i'ts a pain, i beg to feel
a dawn dying in sight
a dead living in a twilight
I can't lose, i can't win, i can't fight!!
its just coming, like the past, like the future....
Vonn frey, "Poemas universais: Husbandman' stars"
sábado, 26 de novembro de 2011
O auxiliar imperial Yuki -Hira
Tachi wakare
Inaba no yama no
Mine ni ōru
Matsu to shi kikaba
Ima kaeri-komu.
A briza sopra pelo cume de Inaba,
suspira através dos velhos pinheiros
sussurrando, pelas sombras desta solidão,
que tua saudade por mim, entre os vales ecoa
então, mais que depressa até ti meu coração voa
Poema/ tanka
Autor: Ariwara no Yuki-Hira ( ..- 893 D.C.)
domingo, 20 de novembro de 2011
O imperador Kwoko
Kimi ga tame
Haru no no ni idete
Wakana tsumu
Waga koromode ni
Yuki wa furi-tsutsu.
Mãe, por tua grandeza aqui estive
nos campos onde crescem as wakanas*
para trazer-te as frescas folhas do novo ano
mas veja! meu coração esta calado
coberto pela neve da montanha!
Poema/ Tanka
Autor: Kwoko Tenno
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* wakanas: Folhas jovens que no ano novo se convertem em vegetais comestíveis.
sábado, 19 de novembro de 2011
Kawara no Saidaijin
-
Michinoku no
Shinobu moji-zuri
Tare yue ni
Midare-some nishi
Ware naranaku ni.
Oh! Amor, porque distrais-me os pensamentos!
Desordenas-me a vontade!
De Michinoku*, me sinto ser
como a seda de desenhos intrincados
Febril, confuso e apaixonado!
Poema/ Tanka
Autor: Toru Minamoto
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*Michinoku, nordeste do japão, pertencente a Iwashiro, prefetura de Fukushima. Ficou famosa por, em tempos antigos, fabricar uma seda com desenhos e formas complexas feitas a partir das flores de uma orquídea trepadeira ( spiranthes sinensis) conhecida como Mojizuri.
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Imperador Yōzei
Tsukuba ne no
Mine yori otsuruMina no kawa
Koi zo tsumorite
Fuchi to nari nuru.
A corrente do Mina vem descendo
das alturas do monte Tsukuba
com a força do meu amor,
mergulha na escuridão de bretão torpor
com o mesmo poder esmagador
Poema/Tanka
Autor: Yōzei In
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- O imperador Yōzei, tinha apenas 9 anos quando assumiu o trono, atormentado por problemas psicológicos, foi obrigado, por Mototsune Fujiwara, a deixar o poder. Seu reinado durou 7 anos ( 877-884) morrendo no ano de 949. Este verso foi dedicado a princesa Tsuridono-no-Miko.
- Monte Tsukuba ( o monte dos dois cumes) : Cidade de Tsukuba, Ibaraki
- Rio Mina localizado na antiga provincia de Hitachi, hoje Ibaraki ( Nordeste de Kanto)
domingo, 13 de novembro de 2011
O conselheiro Takamura
Wada no hara
Yasoshima kakete
Kogi idenu to
Hito ni wa tsugeyo
Ama no tsuribune.
Oh! pescadores das balsas pequenas
Rapido! Aos meus, eu rogo, aviseis
Em Yasoshima entregue serei
Pra longe o barco é remando
Na distancia do porto meu pranto
Poema /Tanka
Autor: Sangi takamura
Pintura: "Shimoda" por Takahashi Shotei ( 1871-1945)
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Takamura foi um conhecido estudante, que da pobreza se fez rico. Se tornando oficial de comercio do Império para as transações com a China. Seus detratores o acusaram de extorsão e roubo, e o Imperador terminou condenando-o a prisão. assim Takamura foi deportado cumprir pena em um pequeno grupo de ilhas longe da costa chamado Yasoshima. Se diz que ele compôs esse poema e cantarolado-o o para os pescadores, enquanto era transportado. um tempo depois ele foi perdoado e reinstalado em suas funções, morrendo no ano de 852.
sábado, 12 de novembro de 2011
Komachi Ono
Hana no iro wa
Utsuri ni keri na
Itazura ni
Waga mi yo ni furu
Nagame seshi ma ni.
As cores das flores lavadas foram
pela inclemência das águas de uma monção
Meus encantos, a febre da narcisista paixão
algum dia me pintaram, mas hoje também declínio estão
ambos floresceram, ambos em vão.
Poema/ Tanka
Autor: Ono No Komachi ( 834-880 D.C.)
domingo, 6 de novembro de 2011
Sensoo no Denki
( Katsushika Hokusai)
30 de
setembro de 3637, para quem não entende a datação dos antigos
estamos no ano Pruriano da sexta alfariana. De um..... lado ouço o estrondo do mar em algum lugar, do outro os tremores da morte
caminham a passos ace....lerados, os gritos posso vê-los e o sangue
posso senti-lo,a alma aos poucos me deixa....... No entanto.... não estou aqui para salvar minha vida, pois não faz sentido escapar daquilo que não se pode
fugir. Meu ultimo desejo então é.... que a ver...dade seja
conhecida e aquele bem aventurado que sobreviver e encontrar este
…documento por favor eleve-o até os confins do universo. Esta
guerra esta errada.... a sangue.... que derramamos é injusta, o
nosso ódio é injusto assim.... como nossa dor. A segredos no
passado oculto pela malicia de seres desprezíveis que usaram... a
ignorância do nosso povo para escolher este destino.....um ártix
gama explodiu nas cercanias, sua luz azul infernal é cegadora, o ar ficou rarefeito...mas...mas devo
continuar....pela honra do nosso povo...por mim....e por elas.....
( Vonn frey, " Sensoo no denki")
sábado, 5 de novembro de 2011
conselheiro imperial Yakamochi
Kasasagi no
Wataseru hashi ni
Oku shimo no
Shiroki wo mireba
Yo zo fuke ni keru.
Quando sobre a ponte dos pássaros
ver o rei dos cristais estender
seu manto cintilante...Eu sei.
A noite esta a esmorecer
e a luz dia insensata a me receber.
Poema /Tanka
Autor: Yakamochi Chu-Nago( ...- 785 D.C.)
"A lenda de Vega e Alfa.
Diz uma lenda do antigo Japão que Vega era uma donzela que habitava um lado do rio da via láctea, e estava encarregada de tecer as roupas dos deuses. Mas um dia a ira do sol caiu sobre ela, e foi condenada a amar a alfa, o qual vivia no outro extremo do rio. A vida de Vega se tornou miseravél e a pena incontida a fez parar de tecer ocasionando falta de roupas para os deuses, então os estes permitiram que ela visitasse seu amado somente uma vez ao ano, diga-se, na sétima noite do sétimo mês. Contam então que nessa noite pequenos pássaros se juntam e formam uma ponte para que Vega cruze o rio e encontre seu amado, mas quando perceba o gelo se formar sobre a ponte de pássaros deve regressar"
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Saru Maru Taiu
Oku yama ni
Momiji fumi wake
Naku shika no
Koe kiku toki zo
Aki wa kanashiki.
Ouço, dos antílopes, o patético cantar
ao longe na montanha ecoar
enquanto as folhas de carvalho pueris a dançar
atiçadas pelos ventos distantes
Desta tristeza outonal inebriante
Poema/ tanka
Autor: Saru Maru ( aprox. 800 D.C.)
domingo, 30 de outubro de 2011
Yamabe no Akahito
Tago no ura ni
Uchi-idete mireba
Shirotae no
Fuji no takane ni
Yuki wa furi-tsutsu.
Iniciei meus passos a margem
da costa que segue o caminho alem mar
desde ali vi o branco e cinzento exultante
do cume do monte Fuji brilhar
sob os flocos de neve cintilante
que insistiam seus pés banhar.
Poema/ Waka
Autor: Akahito Yamabe ( aprox. 700 D.C)
Sanjô in
Kokoro ni mo
Arade uki yo ni
Nagaraeba
Koishikarubeki
Yowa no tsuki kana.
Se, acaso, neste atribulado mundo nosso
esta vida ainda perdurar
a lua minha unica amiga a de ser
pois me ilumina na tristeza
enquanto outros procuram se esconder
Poema/ Waka
Autor: Emperador Sanjô
domingo, 23 de outubro de 2011
LXVII
Agora, que entendido,
tenho
os sonhos dos que não
viveram
e a magia dos que não
sonharam
percebo as coisas mais
importantes do universo
jazer ocultas naquele
orvalho perdido na noite
a espera da aurora pra
sucumbir em seu próprio brilho...
...silente e vazio.
Vonn Frey, "Fundamentos da Alma", cap. Inverno
sábado, 22 de outubro de 2011
Kyowara no Moto-suke
Chigiriki na
Katami-ni sode wo
Shibori-tsutsu
Sue no Matsu-Yama
Nami kosaji to wa.
Nossos olhos banhados em lagrimas
o sacro pacto vem testemunhar
de honestidade mutua sem par
até o tempo em que o pinheiro da montanha
seja engolido pelas águas do mar.
Poema/ Tanka.
Autor: Moto-Suke Kiyowara ( Séc. X)
domingo, 16 de outubro de 2011
Bunya no Asayasu
Shira tsuyu ni
Kaze no fukishiku
Aki no no wa
Tsuranuki-tomenu
Tama zo chiri keru.
Nesta adorável manhã as gotas de orvalho
brilham como diamantes sobre a grama.
Chamas de joias fulgurantes!! mas então...
os ventos do outono penosamente
as dispersam enquanto passo.
Poema Tanka
Autor: Asayasu
Livro: " Hyakunin- Isshu" ( os cem poemas/ Sec. XIII)
sábado, 15 de outubro de 2011
Tudo que vejo é a
linha
do leste que contemplo,
tão vasta e
interminável,
de brilho vistoso, cor
indecifrável
como das rosas, a
inclemência da morte
como do infinito, o
incio de tudo
A noite se vai
e ela se distorce,
tal qual a boreal
aurora
de um inverno dolente
e a lagrima silente
solitária implora.
És tu da vida o fim?
Ou são teus traços
brotos de jasmim.
Quando o leste
contemplo
dessa linha, um ponto me resta
tão ínfimo e
vulnerável
de pureza tão alva,
elegância tão crua
como gota de lua num
lago turquesa
como flor de ametista
num lago de lua.
O dia se vai
e ela me sorri
tal qual, então, fugaz
colibri
de uma primavera
distante
e meu orvalho minguante
num oceano ressoa.
És tu da vida o fim?
Ou são teus traços
brotos de jasmim.
Autor: Vonn Frey " Fundamentos a alma" cap. Primavera
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Amatsu kaze
Kumo no kayoiji
Fuki tojiyo
Otome no sugata
Shibashi todomemu.
Óh tempestuosos ventos, tragam as nuvens
e pintem de cinza o firmamento.
para que estas alvas donzelas de formas divinas
não abram suas asas angelicais
e voem a distancia
que meus olhos não as possam contemplar
Poema/ Tanka.
Autor: Munesada Yoshimune ( 820-890 a.c.)
domingo, 9 de outubro de 2011
Escuridão, velha
amiga.
volto aqui a te encontrar
Espectros etéreos como
névoa a pairar
cultivam sonhos
enquanto a noite é véu
e as visões
florescidas em minha mente estão cravadas
entre os grilhões do
silencio.
Em pesadelos, estou só.
Pedras, bruma de um
estrada sem fim
baixo caricias de uma
luz votiva
me abrigo do frio que o
coração castigava
quando então,me
apunhala um brilho distante
e a noite chora uma
lagrima cortante
tocando o sons do
silencio.
Sob esse estranho
brilho eu vi
o mundo inteiro ressurgir
todos falam sem nada
dizer
todos ouvem sem nada
entender
condenam tudo o que
alma tem a expressar
ninguém ousa
calar o sons do
silencio.
Meu grito vem, febril
clamor
suor pulsando minha
dor.
“ouçam, esta voz
apenas quer curar”
“ouçam, esta voz
apenas quer amar”
mas as palavras como
orvalhos tristes apenas ecoam
no vazio do silencio.
E todos curvaram e
rezaram
ao finito deus por elas
criado
O brilho então, volta a irromper .
“ me abrace” o halo
diz enfim.
“ no horizonte qual
reflito esta a paz, não sofreras”
mas despertei
ouvindo sons do
silencio.
Paul Simon , "The sound of silence"
( Tradução alternativa/ não literal)
sábado, 8 de outubro de 2011
Idete inaba
Nushinaki yado to
Narinu tomo
Nokiba no ume yo
Haru wo wasuruna.
Apesar deste mendigo lar meu,
quando minha existência se vá,
Óh doce cerejeira, floresça nesta caverna
sem esquecer de exibir
teus brotos primaveris.
é tudo que peço.
Poema/ Tanka
Autor: Sanetomo Minamoto
Livro: Hyakunin-Isshu ( os cem poemas/ séc. XIII)
domingo, 2 de outubro de 2011
Quando o raio de luz atravessou o mar
eu, como uma alma embranquecida, me revelei na escuridão
então me vi, estava só.
Quão longe ira aquela ave selvagem
cruzando as caudalosas ondas noturnas do oceano?
aonde há de terminar sua luta solitária?
...................................
Na escuridão dos campos
vejo as chamas flamejantes das casas-
ah, elas são mais frágeis que as
fulgurantes borboletas.
Poema/ Tanka.
Autor: Nakagawa Mikiko
eu, como uma alma embranquecida, me revelei na escuridão
então me vi, estava só.
Quão longe ira aquela ave selvagem
cruzando as caudalosas ondas noturnas do oceano?
aonde há de terminar sua luta solitária?
...................................
Na escuridão dos campos
vejo as chamas flamejantes das casas-
ah, elas são mais frágeis que as
fulgurantes borboletas.
Poema/ Tanka.
Autor: Nakagawa Mikiko
sábado, 1 de outubro de 2011
(...)
Naquela
noite o outono se fez mais triste como não podia deixar de ser,
afinal era a ultima noite que a mais amada das filhas da manhã
pernoitaria ao nosso lado. Quando a lua declinasse seus passos
deixariam nosso humilde templo e rumariam de volta para seu lar no
palácio sagrado de Maruoka onde as aguas do Tojinbo ecoam a melodia dos
deuses. Enquanto aos poucos nos reuníamos, o sentimento de vazio,
imponente e desgarrador, nos dominava e silenciávamos agoniados.
Ela
entrou no haiden como todas as vezes, seu rosto purificado, cabelos
emoldurando o sacro corpo banhado pela seda branca de seu kimono.
Como ultimo gesto de sua fidalguia, nos convidou sua companhia. Sentou-se no centro da sala e nos acomodamos ao seu redor, nos
presenteou kani fresco das neves e frutilhas frescas e saborosas,
enquanto degustávamos encantados, conversamos muito,ela nos falou sobre as coisas
esquecidas e aquelas ainda inexistentes, filosofamos sobre a
profundidade de tudo e ficamos sérios e pensativos, quando falamos
sobre a leveza da vida sorrimos e seu sorriso nos abençoou com a
mesma beleza de antanho e quando enfim as estrelas fugiam e quisemos
chorar, ela se levantou, subiu o altar, tomou em mãos o sanshin e
seus dedos extraíram a melodia dos nossos corações e sua voz
harmonizou nossas almas. colocou em seus olhos nossas lagrimas antes
de dizes adeus.
Ao
finalizar a ultima canção, da noite não restava mais do que o fim
de sonho primaveril. Descansou as cordas de palovnia, levantou-se com elegância
e garbosa caminhou por entre nós exalando seu perfume carmesim, as
portas do templo se abriram, sabíamos que nunca mais a veríamos,
abaixamos nossas cabeças irrelutantes ao pranto. Ela nos olhou e
antes de partir sussurrou: “ não esmoreçam meus súditos, sou eu
a filha da manhã, ao despontar de cada alvorecer olhem para o oeste, pois ali
estarei ao lado de minha mãe amando-lhes todos os dias, por toda a eternidade.”
Autor: Vonn Frey: " Dialogos profanos"
domingo, 25 de setembro de 2011
Sobre as brancas bétulas
a luz da lua esta á brilhar,
mas a pastagem se cobre névoa.
Estrelas por entre as montanhas
como um aldeia de bichos da seda,
silenciosas e adormecidas.
Minha existência,
observando crisântemos,
se torna silencio.
Crisântemos invernais
que se vestem apenas
com brilho de si mesmo.
Poema Haiku.
Autor: Shuoshi Mizuhara (1893-1981)
sábado, 24 de setembro de 2011
Teu silencio ressoa em meu peito
como as águas turbulentas de um rio caudaloso rumando à solidão.
Quisera eu ser parte de teu crisântemo idílico.
secar teu orvalho no chegar do outono,
ser o tempo que te abriga e dá vida
e cultivar tua essência com a felicidade infantil de um arco-iris
misturando nossos sonhos na utopia universal de um amor singular.
mas o que sou senão folha seca a espera do inverno
para voar rumo as águas turbulentas do teu silencio.
Autor: Vonn Frey " Fundamentos da Alma"
domingo, 18 de setembro de 2011
...deixa-los mãe, com sua soberba desmedida encarniçada de frustração e egoismo,
são, eles, não mais que espelhos trincados submergidos no oceano da ignorância.
A ferrugem do desprezo corroendo as cicatrizes.
O lodo do preconceito entorpecendo o brilho.
Eu já vi, mãe, a verdadeira face da iluminação,
penetrei em seus meandros absorvi de sua pureza,
embriaguei-me de sua beleza.
(...)
As correntes de espinhos, atando o meu progresso, pronto ão de romper-se,
caminharei sobre a terra desses ogros de falsa alvura, com meu ancinho ei de podar as infelizes raízes e seu sangue à de regar os vastos campos onde renascera a nova era da formosa hanami.
Vonn Frey: "Diálogos profanos"
sábado, 17 de setembro de 2011
...eis então que tentei amar o amor de varões
e me deparei com a covardia das feminas
tentei amar o amor de barões
mas o ouro perfumado apodrecia-me a alma
tentei assim, o amor de indigentes
e me descobri o mais pobre entre todos.
E se mil vezes tentasse amar, não encontraria
mais que as gotas vazias destas meias verdades.
Talvez o amor que procuro não seja de humana sinceridade.
Vonn Frey : "Dialogos profanos"
domingo, 11 de setembro de 2011
(...)
Era manhã nas aguas de
Kizaki, quando descobri o mais pueril do amores
e o corpo sangrou o vil
insano ódio.
Foi ali, na aguas de
Aoki que tomei em mãos a iluminada verdade
enquanto os raios
obscuros do silencio queimavam-me a pele.
O sol vi surgir por
entre montanhas do sul e todavia continuei enterrado
sob as gélidas sombras
da noite.
O espelho Nakatsuna
brilhou enfim.
Tenho diante dos olhos
a essencial profusão primaveril.
É tão coquete,
delicada e perfumada!
Pena é que suas rosas
acariciarei apenas com lagrimas.
É este o caminho dos
sonhos?
Autor:Vonn Frey ; Dialogos Profanos
domingo, 4 de setembro de 2011
As águas turbulentas
congelaram rápido.
Baixo o límpido céu,
luar e sombras
elas declinam e fluem
Murasaki Shikibu: "Genji Monogatari" ( contos de Genji - século XI)*
* Primeira Novela escrita
Esta vida nossa , pena, não ha de trazer-te
se nela pensas como aquelas
flores de cerejeira das montanhas
que florescem e perecem no mesmo dia
Murasaki Shikibu ( 974-1031) : "Murasaki Shikibu Nikki "( O Diario da princesa Murasaki)
sábado, 3 de setembro de 2011
Voltar...não consegui
sonho, efêmero
padecer
tudo é turvo desde
aqui
a lua na noite a
perecer
e a morte o sentido do
prazer.
Voltar! Alguem pode
ajudar?
Reviver aquela doce
melodia.
É estranho este lugar
se faz do tolo
filosofia
e solidão é do
castigo a sabedoria.
Adoeceu o meu jasmim.
O tempo nunca perguntou
folha seca fez de mim
hoje não sei mais
onde estou
é acaso a dor, o
preludio do amor?
(...)
Vonn Frey: "Fundamentos da Alma/ cap. inverno"
domingo, 21 de agosto de 2011
Gion shouja no kane no koe
shogyou mujou no hibiki ari.
Shara souju no hana no iro
jousha hissui no kotowari o arawasu.
Ogoreru hito mo hisashikarazu,
Tada haru no yo no yume no gotoshi.
Takeki mono mo tsui ni horobinu.
Hitoe ni kaze no mae no chiri ni onaji.
O soar dos sinos no templo Gion
ecoa a impermanência das coisas.
as tristes cores das flores sobre a arvore
revelam a verdade que florescer é cair.
Ele que era orgulhoso não sera por muito tempo,
como um sonho passageiro numa noite primaveril.
Ele que bravo era esta enfim destruído
para ser não mais que poeira ao vento.
Abertura de Heike Monogatari ( relatos da guerra entre os clãs taira e Minamoto sec. XIII)
Tradução/ inglês: P.G. O'neil
sábado, 20 de agosto de 2011
domingo, 14 de agosto de 2011
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
...é como estar de pé sobre o ultimo passo de um abismo sem caída, contemplando a noite que não vem e o ocaso que não cala, é como estar preso na singularidade inicial no preciso instante de sua inflação,a vida e a morte caminham juntas. Desde aqui o tempo e o espaço são meros estranhos torcidos e desfigurados. Nada faz sentido alem do silencio.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
...e então o que me vem como dócil tormento noturno
é a ponte de shinobazu convidando-me ao mistico etéreo
Por vezes brilha avermelhada baixo as luzes votivas de ocaso veranego
por vezes reflete uma alvura resplandecente sob o sol primaveril e em outras seu encanto me vem em chuva serena de beleza feminina.
Estico os braços mas ela se desfaz como chama esquiva no bretão solitário.
A sabedoria desespera o corpo e a cada passo um deserto de areia se abre sob min.
construo rios de angustia e oceanos profundos, a dor vem a silenciar.
O tempo passa invencível e suas curvas verdejantes vão se perdendo como sumi-e entre a bruma de pinheiros silvestres. Grito aturdido, mas minha lagrima não lhe toca. Se petrifica e cai...cai...cai num abismo infindável.
Lentamente shinobazu se afasta deixando a inoperância da vida de sentimentos profanos.
Não há horizonte que me faça enxergar a paz que ali enxergo, não há paz que me permita alcançar o horizonte que ali alcanço.
Shinobazu simplesmente se afasta, deixando um sonho inacabado.
- veja! É a pequena Kitou caminhando sorridente de kimono vermelho e wagasa florido!
Ela cruza a ponte na garoa de outono. Tal qual um orvalho, o lírio, a beijar
A felicidade transborda pelo meus olhos. Aceno fortalecido por sua ternura. Ela continua a caminhar e apenas se vai...vai, vai....e minha lagrima não lhe toca.
Autor: Vonn Frey, "Fundamentos da Alma" cap. Inverno
Imagem: Shiro Kasamatsu ( 1889-1991)
terça-feira, 2 de agosto de 2011
....tudo que me vem a cabeça é um pantano: um lamaçal profundo e pegajoso, onde meus sapatos pareciam colar a cada passo. eu caminhava com esforço sobre-humano nessa lama. não enxergava nada a minha frente nem atras de mim. só o pântano de cor sombria se estendia a perder de vista.
O tempo se arrastava vacilante, ajustando-se a meus passos. enquanto as pessoas a minha volta já haviam avançado bastante, apenas eu e meu tempo nos arrastávamos vagarosamente pelo pântano. Ao meu redor o mundo estava prestes a se transformar radicalmente. nessa época muitas pessoas morreram, inclusive John Coltrane. As pessoas bradavam por grandes mudanças que sempre pareciam estar muito próximas. Mas as mudanças não passavam de um pano de fundo destituído de substancia e significado. eu vivia meus dias sem quase nunca erguer o rosto. apenas o pântano se estendendo a perder de vista se refletia nos meus olhos. não sabia onde estava. Não tinha certeza se avançava na direção correta. Apenas sabia que devia ir a algum lugar e por isso apenas avançava passo a passo.
Haruka Murakami, "Noruwei no Mori"
Tradução: Jeferson J. Teixeira
sábado, 30 de julho de 2011
e naquele fim de tarde as margens do lago do templo Rokounji ambos se encontravam banhados pela luz crepuscular do ultimo sol outonal, a pele alva da jovem princesa se ruborizava desvendando os segredos da lirica verbal com a simplicidade inverossímil de seu reflexo infantil
- Estas alem de minhas palavras – disse enfim, perdido e resignado
- E você alem do meu coração – ela lhe respondeu – mas nem por isso deixei de te amar. Então se palavras não encontras, me abrace apenas,acaricie minha lagrima e me acompanhe pela vastidão do silencio onde as almas se encontram.
A folha seca do salgueiro sobrevoou o avermelhado espelho D'agua, ela sorriu iluminada e ele chorou emocionado da beleza que o tocava.
O poeta se convertera em amante e a princesa se convertera em poeta.
Vonn Frey , " Dialogos profanos"
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terça-feira, 26 de julho de 2011
sábado, 16 de julho de 2011
...então posso dizer, meu caro e nobre cipreste, sem a mais minima inteligível duvida, que sou a folha oscilante no limiar das estações, a espera do novo sol para renascer na fresca relva dos dias eternos. Não tenho as linhas inocentes de uma rosa cerejeira, não me cobre a pomposidade de um crisântemo, nem minha sombra se debruça com a sensualidade de um cravo. A riqueza que trago comigo jaz oculta na lirica intangível de uma palavra, na melodia dócil de tordos silvestres que de meu peito exalam... A ultima brisa de outono soprou...ao voar me dou, a tocar estou o sagrado jardim dos poetas mendigos.
Vonn Frey : " Dialogos Profanos"
Image by Photo8.com
Vonn Frey : " Dialogos Profanos"
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