sábado, 30 de julho de 2011

e naquele fim de tarde as margens do lago do templo Rokounji ambos se encontravam banhados pela luz crepuscular do ultimo sol outonal, a pele alva da jovem princesa se ruborizava desvendando os segredos da lirica verbal com a simplicidade inverossímil de seu reflexo infantil
- Estas alem de minhas palavras – disse enfim, perdido e resignado
- E você alem do meu coração – ela lhe respondeu – mas nem por isso deixei de te amar. Então se palavras não encontras, me abrace apenas,acaricie minha lagrima e me acompanhe pela vastidão do silencio onde as almas se encontram.
A folha seca do salgueiro sobrevoou o avermelhado espelho D'agua, ela sorriu iluminada e ele chorou emocionado da beleza que o tocava.
O poeta se convertera em amante e a princesa se convertera em poeta.

Vonn Frey , " Dialogos profanos"
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terça-feira, 26 de julho de 2011

Poema Waka 23

tsuki mireba
senzen ni mono koso
kanashikere
wa ga mi hitotsu no
aki ni wa aranedo

Quando vejo a lua
mil pensamentos conspiram
para me infligir a tristeza
ainda que o outono
não tenha sido feito para a solidão

Autor: Ōe no Chisato
Livro:  Kokinshū, capitulo: outono

sábado, 16 de julho de 2011



...então posso dizer, meu caro e nobre cipreste, sem a mais minima inteligível duvida, que sou a folha oscilante no limiar das estações, a espera do novo sol para renascer na fresca relva dos dias eternos. Não tenho as linhas inocentes de uma rosa cerejeira, não me cobre a pomposidade de um crisântemo, nem minha sombra se debruça com a sensualidade de um cravo. A riqueza que trago comigo jaz oculta na lirica intangível de uma palavra, na melodia dócil de tordos silvestres que de meu peito exalam... A ultima brisa de outono soprou...ao voar me dou, a tocar estou o sagrado jardim dos poetas mendigos.

Vonn Frey : " Dialogos Profanos"


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terça-feira, 5 de julho de 2011




Porque não há imagem mais viva
que possa em vida sonhos refletir
porque não há cores mais belas
que, a alegria de ser feliz, o olhar possa reluzir.
Porque não há universo mais vasto
que sua pudica profanidade não possa descobrir.
È intensa, profunda, labirinto de religiosidade mundana!
È darwiniana e constantina da maravilha humana!


Todavia, infame, duvidas por que
seco ei de sangrar, em vida ei de morrer?

Porque na beleza da singularidade
a flor nunca é o limite.
É apenas o começo.

(Vonn Frey: "Fundamentos da alma" cap. Primavera)