terça-feira, 2 de agosto de 2011

....tudo que me vem a cabeça é um pantano: um lamaçal profundo e pegajoso, onde meus sapatos pareciam colar a cada passo. eu caminhava com esforço sobre-humano nessa lama. não enxergava nada a minha frente nem atras de mim. só o pântano de cor sombria se estendia  a perder de vista.
O tempo se arrastava vacilante, ajustando-se a meus passos. enquanto as pessoas a minha volta já haviam avançado bastante, apenas eu e meu tempo nos arrastávamos vagarosamente pelo pântano. Ao meu redor o mundo estava prestes a se transformar radicalmente. nessa época muitas pessoas morreram, inclusive John Coltrane. As pessoas bradavam por grandes mudanças que sempre pareciam estar muito próximas. Mas  as mudanças não passavam de um pano de fundo destituído de substancia e significado. eu vivia meus dias sem quase nunca erguer o rosto. apenas o pântano se estendendo a perder de vista se refletia nos meus olhos. não sabia onde estava. Não tinha certeza se avançava na direção correta. Apenas sabia que devia ir a algum lugar e por isso apenas avançava passo a passo.

Haruka Murakami, "Noruwei no Mori"
Tradução: Jeferson J. Teixeira

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