domingo, 30 de outubro de 2011
Yamabe no Akahito
Tago no ura ni
Uchi-idete mireba
Shirotae no
Fuji no takane ni
Yuki wa furi-tsutsu.
Iniciei meus passos a margem
da costa que segue o caminho alem mar
desde ali vi o branco e cinzento exultante
do cume do monte Fuji brilhar
sob os flocos de neve cintilante
que insistiam seus pés banhar.
Poema/ Waka
Autor: Akahito Yamabe ( aprox. 700 D.C)
Sanjô in
Kokoro ni mo
Arade uki yo ni
Nagaraeba
Koishikarubeki
Yowa no tsuki kana.
Se, acaso, neste atribulado mundo nosso
esta vida ainda perdurar
a lua minha unica amiga a de ser
pois me ilumina na tristeza
enquanto outros procuram se esconder
Poema/ Waka
Autor: Emperador Sanjô
domingo, 23 de outubro de 2011
LXVII
Agora, que entendido,
tenho
os sonhos dos que não
viveram
e a magia dos que não
sonharam
percebo as coisas mais
importantes do universo
jazer ocultas naquele
orvalho perdido na noite
a espera da aurora pra
sucumbir em seu próprio brilho...
...silente e vazio.
Vonn Frey, "Fundamentos da Alma", cap. Inverno
sábado, 22 de outubro de 2011
Kyowara no Moto-suke
Chigiriki na
Katami-ni sode wo
Shibori-tsutsu
Sue no Matsu-Yama
Nami kosaji to wa.
Nossos olhos banhados em lagrimas
o sacro pacto vem testemunhar
de honestidade mutua sem par
até o tempo em que o pinheiro da montanha
seja engolido pelas águas do mar.
Poema/ Tanka.
Autor: Moto-Suke Kiyowara ( Séc. X)
domingo, 16 de outubro de 2011
Bunya no Asayasu
Shira tsuyu ni
Kaze no fukishiku
Aki no no wa
Tsuranuki-tomenu
Tama zo chiri keru.
Nesta adorável manhã as gotas de orvalho
brilham como diamantes sobre a grama.
Chamas de joias fulgurantes!! mas então...
os ventos do outono penosamente
as dispersam enquanto passo.
Poema Tanka
Autor: Asayasu
Livro: " Hyakunin- Isshu" ( os cem poemas/ Sec. XIII)
sábado, 15 de outubro de 2011
Tudo que vejo é a
linha
do leste que contemplo,
tão vasta e
interminável,
de brilho vistoso, cor
indecifrável
como das rosas, a
inclemência da morte
como do infinito, o
incio de tudo
A noite se vai
e ela se distorce,
tal qual a boreal
aurora
de um inverno dolente
e a lagrima silente
solitária implora.
És tu da vida o fim?
Ou são teus traços
brotos de jasmim.
Quando o leste
contemplo
dessa linha, um ponto me resta
tão ínfimo e
vulnerável
de pureza tão alva,
elegância tão crua
como gota de lua num
lago turquesa
como flor de ametista
num lago de lua.
O dia se vai
e ela me sorri
tal qual, então, fugaz
colibri
de uma primavera
distante
e meu orvalho minguante
num oceano ressoa.
És tu da vida o fim?
Ou são teus traços
brotos de jasmim.
Autor: Vonn Frey " Fundamentos a alma" cap. Primavera
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
Amatsu kaze
Kumo no kayoiji
Fuki tojiyo
Otome no sugata
Shibashi todomemu.
Óh tempestuosos ventos, tragam as nuvens
e pintem de cinza o firmamento.
para que estas alvas donzelas de formas divinas
não abram suas asas angelicais
e voem a distancia
que meus olhos não as possam contemplar
Poema/ Tanka.
Autor: Munesada Yoshimune ( 820-890 a.c.)
domingo, 9 de outubro de 2011
Escuridão, velha
amiga.
volto aqui a te encontrar
Espectros etéreos como
névoa a pairar
cultivam sonhos
enquanto a noite é véu
e as visões
florescidas em minha mente estão cravadas
entre os grilhões do
silencio.
Em pesadelos, estou só.
Pedras, bruma de um
estrada sem fim
baixo caricias de uma
luz votiva
me abrigo do frio que o
coração castigava
quando então,me
apunhala um brilho distante
e a noite chora uma
lagrima cortante
tocando o sons do
silencio.
Sob esse estranho
brilho eu vi
o mundo inteiro ressurgir
todos falam sem nada
dizer
todos ouvem sem nada
entender
condenam tudo o que
alma tem a expressar
ninguém ousa
calar o sons do
silencio.
Meu grito vem, febril
clamor
suor pulsando minha
dor.
“ouçam, esta voz
apenas quer curar”
“ouçam, esta voz
apenas quer amar”
mas as palavras como
orvalhos tristes apenas ecoam
no vazio do silencio.
E todos curvaram e
rezaram
ao finito deus por elas
criado
O brilho então, volta a irromper .
“ me abrace” o halo
diz enfim.
“ no horizonte qual
reflito esta a paz, não sofreras”
mas despertei
ouvindo sons do
silencio.
Paul Simon , "The sound of silence"
( Tradução alternativa/ não literal)
sábado, 8 de outubro de 2011
Idete inaba
Nushinaki yado to
Narinu tomo
Nokiba no ume yo
Haru wo wasuruna.
Apesar deste mendigo lar meu,
quando minha existência se vá,
Óh doce cerejeira, floresça nesta caverna
sem esquecer de exibir
teus brotos primaveris.
é tudo que peço.
Poema/ Tanka
Autor: Sanetomo Minamoto
Livro: Hyakunin-Isshu ( os cem poemas/ séc. XIII)
domingo, 2 de outubro de 2011
Quando o raio de luz atravessou o mar
eu, como uma alma embranquecida, me revelei na escuridão
então me vi, estava só.
Quão longe ira aquela ave selvagem
cruzando as caudalosas ondas noturnas do oceano?
aonde há de terminar sua luta solitária?
...................................
Na escuridão dos campos
vejo as chamas flamejantes das casas-
ah, elas são mais frágeis que as
fulgurantes borboletas.
Poema/ Tanka.
Autor: Nakagawa Mikiko
eu, como uma alma embranquecida, me revelei na escuridão
então me vi, estava só.
Quão longe ira aquela ave selvagem
cruzando as caudalosas ondas noturnas do oceano?
aonde há de terminar sua luta solitária?
...................................
Na escuridão dos campos
vejo as chamas flamejantes das casas-
ah, elas são mais frágeis que as
fulgurantes borboletas.
Poema/ Tanka.
Autor: Nakagawa Mikiko
sábado, 1 de outubro de 2011
(...)
Naquela
noite o outono se fez mais triste como não podia deixar de ser,
afinal era a ultima noite que a mais amada das filhas da manhã
pernoitaria ao nosso lado. Quando a lua declinasse seus passos
deixariam nosso humilde templo e rumariam de volta para seu lar no
palácio sagrado de Maruoka onde as aguas do Tojinbo ecoam a melodia dos
deuses. Enquanto aos poucos nos reuníamos, o sentimento de vazio,
imponente e desgarrador, nos dominava e silenciávamos agoniados.
Ela
entrou no haiden como todas as vezes, seu rosto purificado, cabelos
emoldurando o sacro corpo banhado pela seda branca de seu kimono.
Como ultimo gesto de sua fidalguia, nos convidou sua companhia. Sentou-se no centro da sala e nos acomodamos ao seu redor, nos
presenteou kani fresco das neves e frutilhas frescas e saborosas,
enquanto degustávamos encantados, conversamos muito,ela nos falou sobre as coisas
esquecidas e aquelas ainda inexistentes, filosofamos sobre a
profundidade de tudo e ficamos sérios e pensativos, quando falamos
sobre a leveza da vida sorrimos e seu sorriso nos abençoou com a
mesma beleza de antanho e quando enfim as estrelas fugiam e quisemos
chorar, ela se levantou, subiu o altar, tomou em mãos o sanshin e
seus dedos extraíram a melodia dos nossos corações e sua voz
harmonizou nossas almas. colocou em seus olhos nossas lagrimas antes
de dizes adeus.
Ao
finalizar a ultima canção, da noite não restava mais do que o fim
de sonho primaveril. Descansou as cordas de palovnia, levantou-se com elegância
e garbosa caminhou por entre nós exalando seu perfume carmesim, as
portas do templo se abriram, sabíamos que nunca mais a veríamos,
abaixamos nossas cabeças irrelutantes ao pranto. Ela nos olhou e
antes de partir sussurrou: “ não esmoreçam meus súditos, sou eu
a filha da manhã, ao despontar de cada alvorecer olhem para o oeste, pois ali
estarei ao lado de minha mãe amando-lhes todos os dias, por toda a eternidade.”
Autor: Vonn Frey: " Dialogos profanos"
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