domingo, 21 de agosto de 2011



Gion shouja no kane no koe
shogyou mujou no hibiki ari.
Shara souju no hana no iro
jousha hissui no kotowari o arawasu.
Ogoreru hito mo hisashikarazu,
Tada haru no yo no yume no gotoshi.
Takeki mono mo tsui ni horobinu.
Hitoe ni kaze no mae no chiri ni onaji.



O soar dos sinos no templo Gion
ecoa a impermanência das coisas.
as tristes cores das flores sobre a arvore
revelam a verdade que florescer é cair.
Ele que era orgulhoso não sera por muito tempo,
como um sonho passageiro numa noite primaveril.
Ele que bravo era esta enfim destruído
para ser não  mais que poeira ao vento.

Abertura de Heike Monogatari ( relatos da guerra entre os clãs taira e Minamoto sec. XIII)
Tradução/ inglês:  P.G. O'neil

sábado, 20 de agosto de 2011







Yo no naka wa
nani ni tatoen
yamabiko no
kotauru koe no
munashiki ga goto

nossa vida neste mundo...
À que pode ser comparada?
é como um eco ressoando atraves das montanhas
 perdendo-se na vastidão do céu.


Autor: Monge Ryokan
Tradução/ ingles: Steven D. Carter


domingo, 14 de agosto de 2011


Glance.

(...)

É como contemplar a graciosidade das tulipas.
É como inspirar a elegância de crisântemos
e se banhar na delicadeza de açucenas.
É mergulhar no colorido das begônias
e sentir a primavera.
.. é isso o que vislumbro diante de mim.

VonnFrey.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

...é como estar de pé sobre o ultimo passo de um abismo sem caída, contemplando a noite que não vem e o ocaso que não cala, é como estar preso na singularidade inicial no preciso instante de sua inflação,a vida e a morte caminham juntas. Desde aqui o tempo e o espaço são meros estranhos torcidos e desfigurados. Nada faz sentido alem do silencio.

Vonn Frey.

terça-feira, 9 de agosto de 2011


...e então o que me vem como dócil tormento noturno
é a ponte de shinobazu convidando-me ao mistico etéreo
Por vezes brilha avermelhada baixo as luzes votivas de ocaso veranego
por vezes reflete uma alvura resplandecente sob o sol primaveril e em outras seu encanto me vem em chuva serena de beleza feminina.
Estico os braços mas ela se desfaz como chama esquiva no bretão solitário.
A sabedoria desespera o corpo e a cada passo um deserto de areia se abre sob min.
construo rios de angustia e oceanos profundos, a dor vem a silenciar.
O tempo passa invencível e suas curvas verdejantes vão se perdendo como sumi-e entre a bruma de pinheiros silvestres. Grito aturdido, mas minha lagrima não lhe toca. Se petrifica e cai...cai...cai num abismo infindável.

Lentamente shinobazu se afasta deixando a inoperância da vida de sentimentos profanos.
Não há horizonte que me faça enxergar a paz que ali enxergo, não há paz que me permita alcançar o horizonte que ali alcanço.
Shinobazu simplesmente se afasta, deixando um sonho inacabado.

  • veja! É a pequena Kitou caminhando sorridente de kimono vermelho e wagasa florido!
Ela cruza a ponte na garoa de outono. Tal qual um orvalho, o lírio, a beijar
A felicidade transborda pelo meus olhos. Aceno fortalecido por sua ternura. Ela continua a caminhar e apenas se vai...vai, vai....e minha lagrima não lhe toca.

Autor: Vonn Frey, "Fundamentos da Alma" cap. Inverno
Imagem: Shiro Kasamatsu ( 1889-1991)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

....tudo que me vem a cabeça é um pantano: um lamaçal profundo e pegajoso, onde meus sapatos pareciam colar a cada passo. eu caminhava com esforço sobre-humano nessa lama. não enxergava nada a minha frente nem atras de mim. só o pântano de cor sombria se estendia  a perder de vista.
O tempo se arrastava vacilante, ajustando-se a meus passos. enquanto as pessoas a minha volta já haviam avançado bastante, apenas eu e meu tempo nos arrastávamos vagarosamente pelo pântano. Ao meu redor o mundo estava prestes a se transformar radicalmente. nessa época muitas pessoas morreram, inclusive John Coltrane. As pessoas bradavam por grandes mudanças que sempre pareciam estar muito próximas. Mas  as mudanças não passavam de um pano de fundo destituído de substancia e significado. eu vivia meus dias sem quase nunca erguer o rosto. apenas o pântano se estendendo a perder de vista se refletia nos meus olhos. não sabia onde estava. Não tinha certeza se avançava na direção correta. Apenas sabia que devia ir a algum lugar e por isso apenas avançava passo a passo.

Haruka Murakami, "Noruwei no Mori"
Tradução: Jeferson J. Teixeira