domingo, 25 de setembro de 2011


Sobre as brancas bétulas
a luz da lua esta á brilhar,
mas a pastagem se cobre névoa.

Estrelas por entre as montanhas
como um aldeia de bichos da seda,
silenciosas e adormecidas.

Minha existência,
observando crisântemos,
se torna silencio.

Crisântemos invernais
que se vestem apenas
com brilho de si mesmo.


Poema Haiku.
Autor: Shuoshi Mizuhara (1893-1981)

sábado, 24 de setembro de 2011


Teu silencio ressoa em meu peito
como as águas turbulentas de um rio caudaloso rumando à solidão.
Quisera eu ser parte de teu crisântemo idílico.
secar teu orvalho no chegar do outono,
ser o tempo que te abriga e dá vida
e cultivar tua essência com a felicidade infantil de um arco-iris
misturando nossos sonhos na utopia universal de um amor singular.
mas o que sou senão folha seca  a espera do inverno
 para voar rumo as águas turbulentas do teu silencio. 


Autor: Vonn Frey " Fundamentos da Alma"

domingo, 18 de setembro de 2011


...deixa-los mãe, com sua soberba desmedida encarniçada de frustração e egoismo,
 são, eles, não mais que espelhos trincados submergidos no oceano da ignorância.
A ferrugem do desprezo corroendo as cicatrizes.
O lodo do preconceito entorpecendo o brilho.
Eu já vi, mãe, a verdadeira face da iluminação,
penetrei em seus meandros absorvi de sua pureza,
embriaguei-me de sua beleza.
(...)
As correntes de espinhos, atando o meu progresso, pronto ão de romper-se,
caminharei sobre a terra desses ogros de falsa alvura, com meu ancinho ei de podar as infelizes raízes e  seu sangue à de regar os vastos campos onde renascera a nova era da formosa hanami.

Vonn Frey: "Diálogos profanos"

sábado, 17 de setembro de 2011

...eis então que tentei amar o amor de varões
e me deparei com a covardia das feminas
tentei amar o amor de barões
mas o ouro  perfumado apodrecia-me a alma
tentei assim, o amor de indigentes
e me descobri o mais pobre entre todos.
E se mil vezes tentasse amar, não encontraria
mais que as gotas vazias destas meias verdades.
Talvez o amor que procuro não seja de humana sinceridade.

Vonn Frey : "Dialogos profanos"

domingo, 11 de setembro de 2011








(...)
Era manhã nas aguas de Kizaki, quando descobri o mais pueril do amores
e o corpo sangrou o vil insano ódio.
Foi ali, na aguas de Aoki que tomei em mãos a iluminada verdade
enquanto os raios obscuros do silencio queimavam-me a pele.
O sol vi surgir por entre montanhas do sul e todavia continuei enterrado
sob as gélidas sombras da noite.
O espelho Nakatsuna brilhou enfim.
Tenho diante dos olhos a essencial profusão primaveril.
É tão coquete, delicada e perfumada!
Pena é que suas rosas acariciarei apenas com lagrimas.
É este o caminho dos sonhos?

Autor:Vonn Frey ; Dialogos Profanos 

domingo, 4 de setembro de 2011




As águas turbulentas
congelaram rápido.
Baixo o límpido céu,
luar e sombras
elas declinam e fluem

Murasaki Shikibu: "Genji Monogatari" ( contos de Genji - século XI)*

* Primeira Novela escrita



Esta vida nossa , pena, não ha de trazer-te
se nela pensas como aquelas
flores  de cerejeira das montanhas
que florescem e perecem no mesmo dia

Murasaki Shikibu ( 974-1031) : "Murasaki Shikibu Nikki "( O Diario da princesa Murasaki)

sábado, 3 de setembro de 2011



Voltar...não consegui
sonho, efêmero padecer
tudo é turvo desde aqui
a lua na noite a perecer
e a morte o sentido do prazer.

Voltar! Alguem pode ajudar?
Reviver aquela doce melodia.
É estranho este lugar
se faz do tolo filosofia
e solidão é do castigo a sabedoria.

Adoeceu o meu jasmim.
O tempo nunca perguntou
folha seca fez de mim
hoje não sei mais onde estou
é acaso a dor, o preludio do amor?
(...)

Vonn Frey: "Fundamentos da Alma/ cap. inverno"