(...)
Em cerimonial estado, os reis se aproximaram
vida, alma e sonhos em mãos a abrigar
chegando no deserto do tudo, do mundo o limiar
do sono profundo, o ser mortiço despertaram.
Pra que me trazes vida!-clamou o mendigo
se deste conceito fútil sou eu otomano
e tiro-lhe nada alem da dor do insano
da miséria do pobre e do fraco o abrigo.
E esta alma?que serventia há de trazer?
se é da angustia a celeste essência,
se é imagem soberba da carência,
e dos homens a irrelutância do ser.
E estes sonhos? que figuras estranhas!
não os conheço, seu sentido me é esquivo
acaso as insolências, são, do não vivido?
ou do deus inerte as macabras entranhas?
- Que desejo então há de extrair-te esse punhal medonho
- Tragei-me amor e talvez o sonho da vida tenha alma
tragei-me amor e talvez a alma da vida seja o sonho.
( Vonn Frey "Fundamentos da alma" cap. Inverno)