terça-feira, 9 de agosto de 2011


...e então o que me vem como dócil tormento noturno
é a ponte de shinobazu convidando-me ao mistico etéreo
Por vezes brilha avermelhada baixo as luzes votivas de ocaso veranego
por vezes reflete uma alvura resplandecente sob o sol primaveril e em outras seu encanto me vem em chuva serena de beleza feminina.
Estico os braços mas ela se desfaz como chama esquiva no bretão solitário.
A sabedoria desespera o corpo e a cada passo um deserto de areia se abre sob min.
construo rios de angustia e oceanos profundos, a dor vem a silenciar.
O tempo passa invencível e suas curvas verdejantes vão se perdendo como sumi-e entre a bruma de pinheiros silvestres. Grito aturdido, mas minha lagrima não lhe toca. Se petrifica e cai...cai...cai num abismo infindável.

Lentamente shinobazu se afasta deixando a inoperância da vida de sentimentos profanos.
Não há horizonte que me faça enxergar a paz que ali enxergo, não há paz que me permita alcançar o horizonte que ali alcanço.
Shinobazu simplesmente se afasta, deixando um sonho inacabado.

  • veja! É a pequena Kitou caminhando sorridente de kimono vermelho e wagasa florido!
Ela cruza a ponte na garoa de outono. Tal qual um orvalho, o lírio, a beijar
A felicidade transborda pelo meus olhos. Aceno fortalecido por sua ternura. Ela continua a caminhar e apenas se vai...vai, vai....e minha lagrima não lhe toca.

Autor: Vonn Frey, "Fundamentos da Alma" cap. Inverno
Imagem: Shiro Kasamatsu ( 1889-1991)

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